terça-feira, 12 de julho de 2016

Crise do Milho: Proposta de Solução

Texto Acadêmico - Nelson de P. Neto e Victor S.dos Santos.


No dia 28 de junho de 2016, o Agronegócio e Agribusiness publicou uma série links relacionados a crise do milho e desequilíbrios nas cadeias de frango e suíno além de uma proposta de trabalho acadêmico demandada pelo MAPA e pela UFV afim sinalizar uma solução para essa falha de mercado..
Os estudantes de bacharelado em agronegócio Nelson de Paula Neto e Victor Sérgio dos Santos, ambos colaboradores deste blog, escreveram um texto respondendo a quatro principais questões relativas a crise na cadeia de suínos no estado de Santa Catarina:
  1. Há produtores integrados e não integrados à indústria?
  1. Será o governo importante "player" na cadeia produtiva?
  1. Há produção de milho no Brasil suficiente para atender as cadeias produtivas demandadoras?
  1. Importação será a "saída" para o problema?

O texto foi desenvolvido partindo de estudos de caso e utilizando conhecimentos adquiridos em sala de aula e foi devidamente avaliado e pontuado pelo professor da disciplina Cadeias Agroindustriais-ERU434, Carlos Antonio Moreira Leite. É de fácil leitura e entendimento e ambos os estudantes estão disponíveis para dialogar sobre o resultado obtido e a proposta de solução apresentada. Veja a seguir o texto:

Análise de caso: A cadeia de produção de suínos no estado de Santa Catarina (BR) e a crise interna do insumo milho.

Em 2016 o maior insumo da cadeia de suínos, o milho, está com preços estratosféricos, ocasionando sérios desiquilíbrios nas demais cadeias interdependentes do grão como a própria suinocultura, a avicultura e a produção de sorgo. Esse problema na produção de milho está associado a um intemperismo climático, falta de chuvas, que afetou o plantio e o enchimento dos grãos nas espigas.
As nossas análises foram feitas utilizando quatro variáveis de maior interesse: produção de milho, produção de sorgo, reação do mercado externo (Estados Unidos) e reação da cadeia de suínos. Essa é uma hipótese restrita, otimista e que considera as condições climáticas favoráveis e que as demais variáveis se mantenham constantes.
Na cadeia produtiva de suínos, bem como a de frangos, existem tanto produtores integrados à agroindústria como não integrados, isso devido aos interesses dos empresários (integrados e integradores) e estrutura produtiva. Em uma situação de desiquilíbrio na cadeia a sensibilidade às mudanças na estrutura da cadeia serão diferentes, sendo mais impactantes aos não integrados. As relações contratuais na integração amenizam o impacto de uma crise, ao contrário de um produtor autônomo que negocia diretamente com o mercado, o tornando mais suscetível as alterações pois este é um elo mais sensível.
Como a cadeia se encontra em situação de grande desiquilíbrio, o governo deve nesse momento atuar para evitar um cenário de maior caos intervindo no mercado como mediador para amenizar os impactos que seriam causados caso ele deixasse o mercado correr livremente. Se o governo não entrar atuando no mercado, os produtores mais sensíveis, mesmo que muito eficientes, irão sair do mercado devido as fortes oscilações do preço que são determinantes em seus custos de produção. O governo pode atuar na: injeção de estoques do grão no mercado para diminuir, mesmo que irrisoriamente, o preço; financiamentos e créditos rural para manter os produtores ainda no mercado; facilitação na importação; dentre outros.
No curto prazo, a melhor medida para superar essa crise é a importação visto que a produção nacional esperada na segunda safra de milho de 2016 será 8,4% menor que na safra anterior. Ao realizar a importação, dos EUA por exemplo, o primeiro impacto no mercado interno será o suprimento da demanda e redução nos preços, devido maior oferta e incentivo à produção de sorgo por esse ser o principalmente substituto do milho na ração animal. O segundo impacto dessa medida será que a próxima safra 2017/1 tende a ter uma produção maior devido as expectativas otimistas do ano anterior. Essa maior oferta pressionará os preços internos para baixo e consequente mente os preços internacionais devido as expectativas otimistas dos EUA. Concomitantemente a isso, a produção de sorgo aumentará, mas como é um bem substituto e o preço do milho está baixo, a cadeia de sorgo sofrerá queda nos preços. Na segunda safra de milho, devido aos preços baixos da última produção, não haverá incentivo a aumento de área plantada. Em 2018, o terceiro impacto será o aumento dos preços da commodity devido ao pessimismo vivido no ano anterior que provocará baixa produção incentivando o plantio da próxima safra, estabilizando as oscilações no preço e área plantada.
Dados da Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, mostram que a produção de milho total no Brasil cresce a cada ano como 57.406,9 mil toneladas em 2010/11, 72.979,5 mil toneladas em 2011/12, 81.505,7 mil toneladas em 2012/13, 80.051,7 mil toneladas 2013/14, 84.672,4 mil toneladas em 2014/15. Entretanto na safra 2015/16, esperasse colher apenas 76.223,0 mil toneladas do grão o que não conseguirá suprir a demanda interna e externa. A cadeia de milho garante que a quantidade ofertada em períodos de estabilidade supra a demanda, porém quando há uma falha de mercado ela não consegue auto-sustentar e é nesse o momento da atuação do governo, como dito anteriormente.
Viçosa, campus universitário UFV, (07/07/2016).
Palavras-chave: UFV, milho, sorgo, suíno, importação, EUA, expectativa, governo.

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